quarta-feira, 6 de julho de 2022

Despropósito social

 Tudo acontece de uma maneira despropositada. Mesmo depois que relatei a toda minha família que fui afetado por um abuso sexual - ou brincadeira de criança para quem prefira assim -, pouca gente acreditou em mim.

Primeiro veio aquele papo de Psicóloga: "Isto é (ou pode) ser fantasia de sua cabeça".

Depois, igualmente frustrante, veio o papo de mamãe já alegado acima: "isto foi brincadeira de criança".

Sim, juridicamente foi uma brincadeira de criança. Mas ainda haverá o tempo em que verei lado a lado uma criança de 6 e uma de 12 anos, para eu sentir na pele a diferença de formação PSICOSSOCIAL que há nestas duas crianças (ainda que eu não seja Psicólogo que detenha esta atribuição). E eu sei, que independente de tudo, esta situação contribuiu sim por um certo desajuste social que permeou minha vida.

Não bastasse esse fato, este primo, além de ter me dado meu primeiro gole de cerveja, alertou-me quanto à inexistência de Papai Noel. Bem no Natal em que havia ganhado, de papai e mamãe, minha magnífica bicicleta.

Tudo bem até aí. Mas não bastasse estes fatos... minha mana ainda aceitou o convite para ser madrinha de batismo ou consagração de um (ou dos dois?) filhos deste primo.

Depois deste fato eu comecei a rir absurdamente. Eu pensava que fosse morrer. De tanto sorrir.

Até hoje, discretamente, sorrio. Ele é hilário.

Sobre o último diálogo com meu Pai

 A última vez que conversei com meu Pai foi por telefone. Eu aqui em Ouro Preto, na porta de casa, na rua.

Diante da minha incredulidade quanto à existência de Deus em minha juventude, meu pai sempre me dizia: Thalles, Deus existe. E os olhos de meu pai transformavam-se num olhar de regozijo e apreciação à natureza e à vida.

Nesta ligação telefônica, que foi breve, conversamos rapidamente de alguns negócios. Talvez estapafúrdios, sobretudo diante de nossa situação real.

O fato é que, num tom de leve desespero, meu pai me disse: Thalles, Deus existe!

Também com problemas práticos na vida pessoal e também profissional, respondi eu diria até que rispidamente a meu pai, mas não com estas exatas palavras: "Eu sei pai, que Deus existe. Mas a questão agora é outra".

Foi a última vez que nos falamos. Liguei para ele durante a semana e ele não mais atendeu. Estes desencontros foram recorrentes em toda nossa vida, de maneira recíproca.

Ontem, em conversa casual com meu irmão, chegamos à seguinte conclusão: a vida não vale nada!

Edit: Após dar uma esmiuçada em meu pensamento, gostaria de dar uma explanada melhor na situação: em tom de desespero, senti que meu pai pretendesse me imputar algum medo, no sentido de que "ele acreditava em Deus, mas eu não". Àquela altura eu já acreditava em Deus há alguns anos. Talvez meu pai houvesse esquecido disso. Talvez, e o que é mais sensato, foi apenas desespero.

Tio

 Um dia tive de ouvir de um tio, na casa de minha mãe, que o mesmo "odiava pobre".

Ora, engoli aquilo calado, em respeito aos meus entes familiares e ao lar de minha mãe.

Mas, inexoravelmente, depreendi o seguinte raciocínio:

Se meu tio é tão rico quanto se julga, e odeia os pobres, ele deveria tão -somente ajudá-los e ser então uma pessoa menos odiosa e mais feliz.

Por outro lado, se meu tio não é tão rico quanto se julga, ele tão somente odeia a si mesmo.

Tem fatos da vida que, independente de cócegas, nos fazem sorrir.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Álibi

Todo casal, indiscutivelmente, briga e tem atritos. Alguns mais, outros menos. Em situações extremas há agressões, sendo que a pior delas: assassinato passional.

Vira e mexe, por infortúnio de nossa sociedade e das famílias, vemos notícias de crimes passionais.

Eu e minha esposa, na medida do possível, conseguimos, até então, levar bem. Eu iria mentir se dissesse que não houve (desculpem-me se este verbo devesse ser no plural) momentos péssimos.

Mas uma coisa que me marcou profundamente foi quando em nossas últimas discussões, nos últimos anos, minha esposa me disse que "minha irmã mais velha a disse que eu era problemático". Você que pensa que isso é fofoquinha, pare por aqui, você não é bem-vindo(a).

A meu ver, quando minha esposa disse-me isso, veio-me logo à mente: será que eu sou mesmo problemático!? Se minha mana, Psicóloga, disse isso, talvez ela tenha razão. Ainda, ignobilmente e tristemente cheguei a seguinte conclusão: minha esposa quis dizer, a mim, que minha mana deveria ter falado antes para que a minha amada CAÍSSE FORA. Isto foi muito frustrante.

Ora, vamos por um ponto final nesta estória. Quem se casou aos 17 ou 18 anos, grávida, não fui eu. Quem brigou com a família INTEIRA de meu pai, por ocasião de seu próprio casamento, não fui eu. A propósito, meu sobrinho nos disse, certa vez, em alto e bom som, que quando criança acreditava do fundo de seu coração que nossa avó paterna era uma bruxa.

Isto é um absurdo, meus amigos (e familiares). Um absurdo!

Castelo de areia.

Gostaria de complementar que, quem blasfemou a minha vida inteira, contra meus próprios parentes, foi minha mana.

Então só gostaria de dizer que: EU NÃO TENHO NADA COM ISSO!!!

Nunca tive problemas com nenhum dos meus tio(a)s e/ou primo(a)s.

Portanto, minha mana. Antes que se assuste, informo que não é minha intenção te execrar. Apenas gostaria de dizer que, se eu sou "insano", como bem tentou intentar... DIVIDA A INSANIDADE COMIGO!!!

Para fechar este texto, gostaria de dizer que, os médicos, por infortúnio de seu ofício, disseram que meu PAI morreu de coração, causa cardíaca, ou seja lá que quimera for.

Mas eu gostaria de afirmar que, na minha opinião, tal qual Jesus Cristo não morreu por hemorragia e/ou desidratação, e sim pela humanidade, meu pai veio a falecer pelos seus cinco filhos e todos, eu disse todos, seus netos.

Portanto, mana, como diz o ditado: "Tira o pé da minha janta."

E obrigado, meu pai. Até a próxima, capitão!

Sentido!